A rede social de vídeos YouTube removeu na quarta-feira (13) mais um vídeo postado pelo presidente Jair Bolsonaro. A plataforma informou que o vídeo — em que o presidente afirmava que continuaria a lutar pelo voto impresso em uma entrevista para uma rádio — viola as diretrizes da comunidade. De acordo com uma plataforma de monitoramento de mídias sociais, esta foi 35ª vez que o YouTube retira um vídeo de Bolsonaro do ar.
O vídeo tinha sido publicado no canal de Bolsonaro no YouTube em 12 de agsoto de 2021. Na entrevista, Bolsonaro repetiu alegações que vinha usando desde o início daquele ano, acusando o sistema eleitoral de falho, que houve manipulação dos resultados na eleição presidencial de 2014 a para a Prefeitura de São Paulo em 2020. Ele citou novamente, sem apresentar provas, que havia supostos indícios de que o hacker que invadiu o sistema do TSE em 2018 teria sido pago para desviar 12 milhões de votos de sua chapa para presidente.
Em outro momento do vídeo, Bolsonaro fez críticas ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, e a deputados que votaram contra o voto impresso. “Por que o Barroso tem esse interesse nas eleições e é contra o voto impresso. O que foi oferecido para eles (deputados), o que aconteceu? O que está em jogo é nossa liberdade. Se com liberdade está difícil lutar, imagina sem liberdade.”
Outro caso de remoção de vídeo de Bolsonaro que ganhou destaque foi em outubro de 2021. O YouTube removeu o vídeo da live em que o presidente citou a existência de uma mensagem que diz que há relatórios oficiais do Governo do Reino Unido que “sugerem” que os totalmente vacinados estariam desenvolvendo Aids “muito mais rápido que o previsto”.
“Recomendo que leiam a notícia. Não vou ler aqui, porque posso ter problemas com a minha live”, disse o presidente. A informação foi desmentida pelo governo britânico ao serviço de checagem de fatos da AFP.
Na ocasião, o YouTube foi a terceira mídia social a retirar o vídeo, depois do Facebook e do Instagram — rede social do mesmo grupo. Na época, a Sociedade Brasileira de Infectologia esclareceu em um comunicado, que “não se conhece nenhuma relação entre qualquer vacina contra a Covid-19 e o desenvolvimento da síndrome de imunodeficiência adquirida”.
De acordo com dados do Relatório Global de Expressão 2021, com informações de 161 países, produzido pela organização não-governamental (ONG) Artigo 19 sobre liberdade de expressão, Bolsonaro emitiu 1.682 declarações falsas ou enganosas em 2020, uma média de 4,3 por dia.
Segundo o documento, as declarações falsas ou enganosas de Bolsonaro contribuíram para a aumentar o número de casos de Covid-19 no país. De quando assumiu o mandato, em 2019, até o final de 2020, o presidente fez 2.187 declarações falsas ou distorcidas, uma média de três por dia. No entanto, o volume diário de desinformação espalhada foi significativamente maior em 2020 em meio à pandemia da Covid-19, crise econômica e eleições municipais.