O Conselho de Supervisão do Facebook anunciou, nesta quinta-feira (21), que vai revisar a política da empresa sobre a moderação dos conteúdos publicados pelos famosos e acusou a rede social de falta de transparência em suas decisões sobre a eliminação das publicações.
A ex-funcionária do Facebook Frances Hagen informou ao jornal The Wall Street Journal uma série de pesquisas internas da plataforma, especialmente sobre os danos que a rede social pode causar aos menores de idade. Essas informações provocaram indignação e uma nova revisão do Congresso sobre o impacto da plataforma na saúde mental, mas também sobre como trata as celebridades.
O chamado sistema de “verificação cruzada” ou “XCheck” protege milhões de usuários de elite das regras que o Facebook afirma aplicar igualmente, segundo as informações do jornal.
O Conselho de Supervisão, que é semi-independente, “aceitou um pedido do Facebook (…) para revisar o sistema de verificação cruzada da empresa e fazer recomendações sobre como pode mudar”, disse em uma publicação.
“O Facebook concordou em compartilhar com o Conselho os documentos relacionados ao sistema de verificação cruzada, de acordo com o que foi informado no The Wall Street Journal”, acrescentou o painel de especialistas, financiado pelo Facebook e que às vezes é comparado com o Tribunal Supremo do gigante das redes sociais.
O Conselho, que tem a última palavra sobre o que é eliminado ou permitido permanecer na plataforma, também criticou a empresa por não ser “completamente comunicativa”.
Precisão e confiança
“Algumas vezes, o Facebook não forneceu informações relevantes ao Conselho, enquanto em outras instâncias a informação fornecida foi incompleta”, disse o painel, referindo-se a consultas sobre o sistema de verificação cruzada.
“O Facebook não é explícito com as pessoas que usam suas plataformas. Observamos sistematicamente casos em que os usuários se veem obrigados a adivinhar o porquê de o Facebook ter eliminado seus conteúdos”, afirmou.
Especificamente, citou a censura contra o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a qual o painel revisou e finalmente confirmou, mas com informações incompletas.
Depois, o Facebook determinou a proibição da conta de Trump por dois anos. Alegou que merecia a punição máxima por violar as regras da rede social pelo ataque de 6 de janeiro contra o Capitólio realizado pelos seus seguidores.
Quando a proibição expirar, o Facebook vai recrutar especialistas para avaliarem se a atividade de Trump na rede social representa uma ameaça para a segurança pública.
“A credibilidade do Conselho de Supervisão, nossa relação de trabalho com o Facebook e nossa capacidade para emitir julgamentos sólidos dependem de poder confiar que a informação fornecida pelo Facebook seja precisa, exaustiva e ofereça uma imagem completa do tema abordado”, disse o órgão.
Em um comunicado, o Facebook prometeu ser mais explícito em suas respostas às consultas do painel.
“Acreditamos que o trabalho do Conselho foi impactante, portanto pedimos que forneça sua opinião ao nosso sistema de verificação cruzada, e nos esforçaremos para sermos mais claros em nossas explicações no futuro”, afirma o texto.
Um padrão duplo na moderação de conteúdos implicaria questionar as garantias que o Facebook deu ao Conselho, considerado um árbitro final nas disputas sobre o que é permitido publicar na maior rede social.
A plataforma rejeita as críticas, alegando que a imprensa escolheu seletivamente partes de sua pesquisa interna para projetar o trabalho da empresa de forma negativa.
O Journal citou exemplos de publicações de pessoas de alto perfil, incluindo uma da estrela do futebol Neymar, que mostra imagens de uma mulher nua que o acusou de estupro e que foi eliminada pelo Facebook posteriormente.
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